quarta-feira, 9 de setembro de 2009

CRÍTICOS COBRAM DA OMS PROVIDENCIAR TAMIFLU GENÉRICO

Qua Set 09, 2009 5:31 am
CRÍTICOS PERGUNTAM À OMS PORQUE AINDA NÃO FORAM EM BUSCA DO TAMIFLU GENÉRICO

http://blog.taragana.com/n/critics-ask-why-who-hasnt-pursued-generic-tamiflu-to-help-poor-countries-fight-swine-flu-59025/

Críticos perguntam por que a OMS não providenciou Tamiflu genérico para ajudar os países pobres a combater a gripe
suína - Maria Cheng, 11/Maio/2009

Críticas: OMS LERDA EM GENÉRICOS PARA A GRIPE SUÍNA

LONDRES - À medida que os países pobres encaram uma possível pandemia com o Tamiflu disponível apenas para uma diminuta fração de suas populações, alguns especialistas estão clamando por uma solução simples porém beligerante: uma maciça produção de genéricos.

Antivirais como o Tamiflu têm a reputação de serem efetivos contra a gripe suína se forem administrados precocemente, e genéricos a bom preço podem facilmente ser produzidos em países como a Índia. Muitas nações ricas estão sentadas em cima de imensos estoques do caro medicamento Tamiflu, adquiridos da indústria farmacêutica suíça Roche.

O Tamiflu tem proteção de patente na maioria dos países, mas as regras da OMS permitem aos países desconsiderar esses direitos em caso de crise sanitária. A gigante farmacêutica indiana CIPLA disse que cobraria cerca de doze dólares por
um tratamento de Tamiflu genérico. Um tratamento do Tamiflu da Roche, duas cápsulas por dia por cinco dias, pode chegar a $ 100.

Isso suscitou os críticos a questionarem por que a OMS não encomendou fornadas de tamiflu genérico, ou encorajou os países pobres a fazerem isso, quando disparou o nível de alerta pandêmico para a fase 5 - que sinaliza que um surto global de gripe está "iminente".

Alguns suspeitam que a OMS está relutante para não enraivecer as indústrias farmacêuticas, que fornecem estoques grátis para a agência, encorajando o uso de genéricos. A despeito das normas da OMS, as indústrias farmacêuticas do ocidente lutaram longamente para manter os genéricos fora dos mercados a todo custo.

"É preciso que haja um melhor sistema atuando de tal modo que a OMS não tenha que depender da boa-vontade e da caridade dos fabricantes de drogas para obter remédios para os países pobres", disse Sangeeta Shashikant da Third World Network, uma organização desenvolvimentista não-lucrativa.

"A OMS insiste que está fazendo o melhor que pode para assegurar antivirais para os países pobres".

"A OMS irá trabalhar em benefício de seus estados-membros para assegurar adicionais de antivirais conforme for necessário, quer através de doações ou compra pelo menor preço que possa conseguir, para dar apoio aos países emergentes necessitados", disse Elil Renganathan, um funcionário da OMS no departamento de antivirais."

Dois remédios para gripe, Tamiflu e Relenza, são principalmente usados para tratar da gripe, mas eles só funcionam se forem usados dentro das 48 horas dos primeiros sintomas. Estudos demonstram que eles cortam a duração da doença em cerca de um dia, comparando com os que não fazem o tratamento.

Ainda se sabe pouco sobre a possibilidade desses remédios ajudarem a reduzir complicações da gripe, como a pneumonia, e poucos estudos os testaram em crianças.

Especialistas dizem que as vacinam iriam oferecer melhor proteção contra a pandemia de gripe suína mas ainda por alguns meses elas não estarão disponíveis. E, mesmo quando estiverem, os países ricos estão em primeiro lugar na fila: Grã Bretanha, Canadá, Dinamarca, França, EEUU e outros, todos já fecharam contratos com os fabricantes de vacinas para assegurar que receberão as primeiras fornadas da vacina pandêmica diretamente da linha de produção.

A OMS está apelando para que os fabricantes de vacina separem alguns lotes para os países pobres, mas é duvidoso se eles terão o suficiente para tratar uma parcela significativa de suas populações.

Na segunda-feira, a CIPLA anunciou que poderia produzir 1.5 milhão de tratamentos de uma versão genérica de Tamiflu nas próximas semanas. Mas Yusuf Hamied, o presidente da companhia, disse estar preparado para fazer ainda mais tratamentos, tão logo os países mais pobres e agências como a OMS fizerem os pedidos.

"Poderíamos fazer muito mais, mas é preciso haver um firme compromisso por parte dos países e de agências como a OMS", ele argumenta. "A bola está na área."

Até o momento, a OMS não fez a recomendação para que países com capacidade de produção dêem início à produção de suas próprias reservas de antivirais genéricos.

A OMS tem um estoque de cerca de 5 milhões de tratamentos de Tamiflu doados pela Roche; no início dessa semana a Agência começou a enviar 2,4 milhões de tratamentos para 72 países pobres. Mas são números pálidos em comparação às centenas de milhões de pessoas no terceiro mundo que se revelariam vulneráveis durante uma pandemia de gripe.

A Roche diz ter garantido sub-licenças para duas companhias na China e uma na India (Hetero Drugs) para produzir versões genéricas do Tamiflu. Anunciou também uma transferência de tecnologia para uma companhia na África do Sul e a oferta de um preço rebaixado para 12 euros por tratamento para as nações pobres.

"Permanecemos prontos para discutir opções com quaisquer indústrias capazes de fabricar o Tamiflu", disse David Reddy, que trabalha na força-tarefa da Pandemia Global da Roche.

A OMS diz estar explorando uma produção de genéricos, mas decisões não foram tomadas ainda. A OMS diz ser incerto em quanto uma produção maciça de genéricos poderia aumentar o fornecimento global, e não saberia estimar um custo.

Renganathan disse que a OMS deseja assegurar que todos os remédios genéricos correspondam aos padrões de segurança do medicamento. Ele disse que estão investigando a possibilidade de produção de genéricos com companhias localizadas seja onde for.

Ainda assim, os críticos dizem que a OMS tem sido vagarosa em relação aos genéricos.

"Eu não sei porque a OMS não se empenhou na obtenção de genéricos", disse Tido von Schoen-Angerer, diretor da Campanha de Acesso a Remédios Essenciais dos Médicos Sem Fronteiras.

"Um grande papel para a OMS é aumentar o fornecimento mundial de antivirais genéricos e garantir que todos os países tenham acesso a eles", disse Schoen-Angerer. "Não está claro o porquê de a OMS não haver priorizado isto."

Com uma grande reserva de genéricos, os países em desenvolvimento que os pudessem adquirir, como a Tailândia e o Brasil, poderiam reforçar seus próprios estoques. Para as nações mais pobres, agências como a UNICEF poderiam comprar os antivirais e distribuí-los para os países necessitados.

Altos índices de HIV, malária, tuberculose, má-nutrição e outros problemas de saúde aprofundam enormemente a vulnerabilidade das nações mais pobres a uma pandemia de gripe.

Até agora, os críticos dizem não haver indicação por parte da OMS de que as opções de genéricos serão priorizadas para os países mais pobres, incapacitados de adquirir o Tamiflu da Roche.

"Os países irão se virar como puderem para conseguir tanto remédio quanto possam nessa situação", disse Martin Khor, diretor executivo do South Centre, um Comitê de Estudos focado em países em desenvolvimento.
"A OMS deveria estar ajudando os países a conseguirem estoques de antivirais ao melhor preço possível".

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