sábado, 29 de agosto de 2009

O.M.S., Comunicado 9: Preparando-se para uma Nova Onda

PREPARANDO-SE PARA A SEGUNDA ONDA: LIÇÕES DOS ATUAIS SURTOS
Pandemia(H1N1)2009,Comunicado 9 - 28 de AGOSTO 2009/GENEBRA

O monitoramento dos surtos de diferentes partes do mundo fornece informação suficiente para tentarmos tirar algumas conclusões sobre como a pandemia poderá evoluir nos próximos meses.

A OMS está aconselhando os países do hemisfério norte a se preparar para uma segunda onda de surto epidêmico. Países com climas tropicais, onde o vírus pandêmico chegou mais tardiamente do que em todos os outros lugares, também precisam preparar-se para um número crescente de casos.

Países em zonas temperadas do hemisfério sul devem permanecer vigilantes. Como a experiência demonstrou, "zonas quentes" localizadas de crescente transmissão podem continuar a ocorrer, mesmo se a pandemia já tiver atingido seu pico a nível nacional.

H1N1 é agora a cepa virótica dominante

Evidenciou-se dos múltiplos surtos a demonstração de que o vírus pandêmico H1N1 rapidamente estabeleceu-se, sendo agora a cepa dominante na maior parte do mundo. A pandemia irá persistir nos meses vindouros, conforme o vírus continue a movimentar-se através das populações suscetíveis.

Um monitoramento cuidadoso dos vírus por parte da rede de laboratórios da OMS demonstrou que os vírus de todos os surtos permaneceram virtualmente idênticos. Os estudos não detectaram sinais de mutação para a forma de um vírus mais agressivo ou letal.

Do mesmo modo, o retrato clínico da gripe pandêmica é amplamente consistente através de todos os países. A maioria esmagadora dos pacientes continuam a experimentar doença leve. Apesar de o vírus poder causar doença grave e fatal mesmo em pessoas jovens e saudáveis, o número de tais casos permanece pequeno.

Grandes populações suscetíveis à infecção

Mesmo essas tendências sendo encorajadoras, um grande número de pessoas em todos os países permanecem suscetíveis à infecção. Mesmo com o padrão atual que é, no geral, adoecimento leve, o impacto da pandemia durante uma segunda onda poderá piorar conforme um maior número de pessoas sejam infectadas.


Um número crescente de pacientes com doença grave, requerendo terapia intensiva, parece ser o ônus mais premente nos serviços de saúde, criando pressões que poderiam causar muita perturbação às unidades de terapia intensiva e, possivelmente, descontinuar o fornecimento dos cuidados a outras doenças.

O monitoramento da resistência à droga

Até agora, somente um punhado de vírus resistentes ao oseltamivir foi detectado através do mundo, a despeito da administração de muitos milhões de tratamentos com drogas antivirais. Todos esses casos foram extensivamente investigados, e não há instâncias de transmissibilidade inter-humana de vírus resistente documentada até a data. Continuamos com um intenso monitoramento, também através da rede de laboratórios da OMS.

DIFERENTE DO VÍRUS SAZONAL

A evidência atual aponta para algumas diferenças importantes entre padrões de doença reportadas durante a pandemia em relação àqueles que são vistos durante epidemias sazonais de gripe.

Os grupos etários afetados pela pandemia são geralmente mais jovens. Isto é verdadeiro tanto quanto aos mais frequentemente afetados, como especialmente para aqueles que experimentam doença grave ou fatal.

Até o presente, os casos mais graves e as mortes ocorreram em adultos abaixo dos 50 anos, sendo a morte em idosos comparativamente rara. Essa distribuição etária está em forte contraste com a gripe sazonal, na qual por volta de 90% de casos graves e/ou fatais ocorrem em pessoas dos 65 anos adiante.

Falência Respiratória Grave

Talvez o que haja de mais significativo, é que clínicos de todo o mundo estão relatando uma forma muito grave da doença, até mesmo em pessoas jovens e previamente saudáveis, forma que raramente é vista nas infecções da gripe sazonal. Nesses pacientes, o vírus infecta diretamente o pulmão, causando falência respiratória grave. A salvação dessas vidas depende de cuidados altamente especializados e complexos em Unidades de Terapia Intensiva, o que frequentemente exige internações longas e dispendiosas.

Durante a estação do inverno no hemisfério sul, muitos países consideraram a necessidade de tratamento intensivo como o maior ônus imposto aos serviços de saúde. Algumas cidades, nesses locais, reportaram que cerca de 15% dos casos hospitalizados necessitaram de tratamento intensivo.

É PRECISO QUE SE LANCE MÃO DE MEDIDAS PREPARATÓRIAS PARA DAR CONTA DESSA DEMANDA AUMENTADA PARA UTIs, QUE PODERÃO SER SOBRECARREGADAS COM AUMENTOS TORRENCIAIS E SÚBITOS NO NÚMERO DE CASOS GRAVES.

GRUPOS VULNERÁVEIS

O risco aumentado durante a gravidez está agora consistentemente bem-documentado em todos os países. Este risco confere uma importância adicional para um vírus que, como este, tem preferência por infectar os jovens.

Os dados continuam a demonstrar que certas condições médicas aumentam o risco para doença grave e fatal. Tais condições incluem doenças respiratórias, notadamente a asma, doença cardiovascular, diabete e imunossupressão.

Quando forem precaver-se contra o impacto da pandemia, à medida que as pessoas forem se infectando, os órgãos oficiais da saúde precisam estar conscientes de que muitas dessas condições tornaram-se muito mais generalizadas em décadas recentes, aumentando assim o conjunto de pessoas vulneráveis.

A obesidade, que está frequentemente presente em casos graves e fatais, é agora uma epidemia global. A OMS estima que, mundialmente, mais de 230 milhões de pessoas sofrem de asma, e mais de 200 milhões de pessoas têm diabete.

Além do mais, condições tais como a asma e a diabete geralmente não são consideradas doenças fatais, especialmente em crianças e adultos jovens. A morte de jovens nessas condições, precipitadas pela infecção do vírus H1N1, pode ser uma outra dimensão do impacto da pandemia.

Alto risco de hospitalização e morte

Vários estudos anteriores sugerem um alto risco de hospitalização e morte entre certos subgrupos, incluindo grupos minoritários e populações indígenas. Em alguns estudos, o risco nesses grupos é de 4 a 5 vezes maior do que para a população em geral.

Embora as razões não tenham sido completamente compreendidas, as explicações possíveis poderiam incluir baixo padrão de vida e condições gerais de pobreza sanitária, incluindo uma alta prevalência de condições como a asma, a diabete e a hipertensão.

Implicações para o mundo em desenvolvimento

Tais descobertas devem ir adquirindo relevância crescente conforme a pandemia for ganhando terreno nos países emergentes, onde muitos milhões de pessoas vivem em condições de privação e têm múltiplos problemas de saúde, com pouco acesso aos cuidados básicos de saúde.

Como muitos dos dados disponíveis sobre a pandemia estão vindo de países ricos e de renda-média, a situação nos países emergentes deverá ser acompanhada com muita atenção. O mesmo vírus que causa perturbações administráveis em países abastados poderão ter um impacto devastador em muitos países emergentes.


Co-infecção com o HIV

A pandemia de gripe de 2009 é a primeira a ocorrer desde o surgimento da AIDS. Dados anteriores de dois países sugerem que pessoas co-infectadas com H1N1 e HIV não estão em risco aumentado de doença grave ou fatal, desde que tais pacientes estejam recebendo terapia antirretroviral. Na maioria desses pacientes, a doença causada pelo H1N1 tem sido leve, e com recuperação total.

Se esses achados preliminares se confirmarem, estas serão novidades reconfortantes para os países em que o HIV é prevalente, desde que a cobertura do tratamento com antirretrovirais for boa.

Numa estimativa atual, cerca de 33 milhões de pessoas vivem com HIV/Aids ao redor do mundo. Dessas, a OMS calcula que por volta de 4 milhões estavam recebendo terapia antirretroviral ao final de 2008.

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